segunda-feira, 28 de março de 2011

Dores de parto

No último dia 5 nasceu meu filho. Uma emoção só. Comecei a sentir contrações no dia 4 `a noite, mas consegui dormir entre uma e outra. `As 6 da manhã as contrações vinham a cada 7 minutos. Tínhamos optado por um parto natural (não necessariamente por conviccção, mas por falta de opção), então contratamos uma doula. Por volta do meio-dia ela chegou para ajudar a lidar com as dores. Ela sugeriu que me sentasse na bola de Pilates, depois tomasse uma ducha, depois entrasse na banheira, fez massagem nas minhas costas durante cada uma das incontáveis contrações, tudo para ajudar a aliviar a dor. Perdi a noção do tempo. Só percebi que ficou escuro. E eu esperando que ela me dissesse que era hora de ir para a maternidade, o que me idicaria que estava quase no fim, mas essa hora não chegava... Desesperada e esgotada, eu disse: "eu não aguento mais!" E foi então que as sábias palavras da nossa querida doula fizeram a diferença e eu me percebi superando a dor. A cada contração eu respirava fundo e soprava na direção de um ponto de foco: a maçaneta da porta, o buraco da fechadura, o canto da janela. As contrações estavam tão próximas que eu mal conseguia relaxar entre uma e outra. Até que finalmente chegou a hora: a bolsa estourou e tivemos que ir para a maternidade `as pressas. Chegando lá, entrei na banheira e me agachei. Em pouco tempo já podia tocar o cabelinho da cabeça do bebê. Algumas contrações vieram e nada da cabeça sair, então a obstetra sugeriu que eu mudasse de posição. Eu estava completamente exausta e queria acabar com aquilo logo, então na contração seguinte eu fiz toda a força que pude e a cabecinha saiu! Mais uma força e o corpinho veio em seguida. Em poucos minutos colocaram um lindo bebê nos meus braços. Achei que ele era a cara do pai.
Tudo muito tranquilo até a consulta do 5o. dia com o pediatra. "Ele está bem amarelo... " Era icterícia. "Ele tem que mamar a cada 3 horas, tomar banho de sol e se não melhorar vai ter que internar para tomar banho de luz." Que mãe não ficaria desesperada com a possibilidade de ter que internar seu filho? Saímos com o coração partido e um pedido de exame de sangue urgente, o médico queria o resultado "para ontem". O plano de saúde que automaticamente atende o filho recém-nascido por até 30 dias com a carteirinha da mãe exigiu uma autorização especial para fazer o exame. Autorizar o que se o prcedimento já é previsto no plano??? Meia-hora de espera e nada de autorização. Como é que eu poderia ficar plantada numa recepção de laboratório com um bebê de 5 dias sem previsão de atendimento??? Decidi pagar para fazer o exame como particular mesmo. Mas aí mais espera para ser atendida... essa angústia era muito maior que qualquer dor de parto.
Quando tivemos que interná-lo para o tratamento eu fiz questão de ligar para o plano de saúde e verificar o procedimento para não ter que ficar numa recepção asséptica com meu bebê. Mas uma nova autorização foi necessária. Mais meia-hora de espera para interná-lo, mais meia-hora de angústia. O tratamento foi tranquilo e voltamos para casa no dia seguinte. Ainda me questiono se poderia ter evitado a icterícia e a internação. E chego `a conclusão de que as dores do parto são apenas o começo. Há muito mais por vir!