domingo, 24 de julho de 2011

Você é brasileiro?

Essa não é uma tradução da última postagem "Are you American?". Preciso falar de algo bem mais grave desta vez.  E preciso que seja logo. Eu não aguento mais ouvir sobre corrupção no meu país. Um caderno inteiro do Estado De S. Paulo está dedicado ao tema. Já nem me animo a ler VEJA pois de capa a capa são denúncias de desvio de dinheiro público. É o meu dinheiro que eu ralo para ganhar - tá, tem gente ralando bem mais que eu e em condições bem piores, mas eu tenho que trabalhar pelo meu também - sendo ROUBADO. É, roubado. Quando verbas são desviadas, obras superfaturadas, é o MEU dinheiro que está sendo roubado. São os quase 30% de imposto que EU pago sobre TUDO o que eu recebo pelo MEU trabalho, e sobre TUDO o que compro: água, pão, sapato, fraldas para o meu filho. É o SEU dinheiro também. Nunca se descobriu tanta falcatrua e nunca se fez nada a respeito. Quantos políticos ladrões estão presos? Quantos sequer perderam os seus mandatos? Enquanto não se fizer nada, eles vão continuar roubando o nosso dinheiro - aquele que nós trabalhamos para ganhar. E o que se há de fazer? Eu não sei, mas preciso fazer alguma coisa. É por isso que estou aqui escrevendo. Estou disposta a ir para rua gritar que chega de político ladrão, que o Palocci tem que se explicar sim, que a Lei da Ficha Limpa tem que valer sim, que o Jucá tem que sair sim, etc. Quem vai? Quando? Onde? Como se organiza isso?

Are you American?

The first couple of times our friends invited us over for a gathering we arrived "late", that meaning about 30 to 40 minutes after the time we were supposed to be there. For our American friends, that was "late". They used to say we lived in the "Brazilian time". Well, in Brazil when someone says, "come over at 8pm for dinner" you would NEVER show up at 8pm because you would know they would definitely not be read for you... 30 or 40 minutes later would be perfect timing! Not late at all.
I would say we learned our lesson and started arriving on time. Now that we are back here in the tropics we are trying to keep it up. Not easy. Last week we arrived 10 minutes before the orchestra bus was supposed to leave for a out-of-town concert - assuming, by the "Brazilian time", it would leave about 15 minutes late, so that was plenty of time. We wouldn't be back until the middle of the night so we had to make complicated arrangements so we could leave our son with Grandma. We travelled 3 hours to pick her up, 3 hours back home. I pumped 3 bottles of breast milk so she could feed him during the 12 hours we would be gone. So we waited the reasonable 15 minutes and nobody knew where our bus was. 30 minutes later someone called the orchestra producer to say the driver was in town, but was lost. A couple more minutes and we hear that the bus was on the road, wouldn't be there for another hour or more. OK, that's at least one more feeding that I could have given my son, would I have known this... I could have spent 2 more hours with him... OK, someone gotta be responsible for this... OK, it is insane! How can we live like this? Next thing I know I am asking myself, is it worth it? To leave my son so I can wait endlessly for a bus that will arrive nobody knows when? If you are on time here, you are going to wait.
This is just another way of saying it has not been easy to re-adjust to life here. I am definitely Brazilian, but America has definitely changed me more than I wanted to. Now I feel homesick from America.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Maternity leave: 6 weeks or 6 months???

A week ago my son was 6 weeks old and I realized that if I was still living and working in the US that would be the end of my maternity leave. I would have to go back to work... and I wasn't ready for that! He is so fragile, so dependent, how in world could I trust someone else to take care of him? Well, I had left him with my mother-in-law for a couple hours here and there... but now that she's gone I had to resort to a baby sitter: it was not easy. I kept thinking, "if something wrong happens to him it is all my fault. I hope he is still alive when I come back." And I was gone for only for 3 hours in an entire week! Now I am wondering how a mom can return to her full-time job, leaving her beloved baby with someone for long hours everyday, after mere 6 weeks... my dear American, working friends, I admire you in a whole new way!
After 6 weeks I can barely take care of myself and the house. I eat frozen food for lunch and count on my dear husband's mercy to bring something home or prepare something for dinner. Every time my son takes a "cat nap"- that's the most he will do during the day - I have to quickly choose something from the to do list. Should I run and try to put a load of laundry in the washer or try to eat a snack quickly before he wakes up? So not much gets accomplished in a regular day besides making sure the baby is fed, rested and changed. Putting a full-time job on top of the stack is just unthinkable. Working moms, I don't now how you do it, but you are my new heroes!
In Brazil every woman has the right to a paid maternity leave of 4 months, in some cases 6 months. That makes possible to breast-feed for that long and since mom is still getting paid she doesn't have to worry about what she'll eat. Dads are entitled 5 business days off. Nice, but what are moms supposed to do after that? What if they don't have their mom or someone else to help out? During my pregnancy I kept wondering how would I and the baby survive without dad here. Thankfully my mother-in-law and my aunt came and made all the difference.
So my request is 6 weeks of paternity leave so dad can be home and make sure mom and baby survive these first weeks and 6 months of paid, undisturbed maternity leave to all working moms. That is the least we can do to allow the most important job on earth to be done: care for our beloved children.
Well, now that I've been through the first 6 weeks I am still wondering what moms are supposed to do when their      

segunda-feira, 28 de março de 2011

Dores de parto

No último dia 5 nasceu meu filho. Uma emoção só. Comecei a sentir contrações no dia 4 `a noite, mas consegui dormir entre uma e outra. `As 6 da manhã as contrações vinham a cada 7 minutos. Tínhamos optado por um parto natural (não necessariamente por conviccção, mas por falta de opção), então contratamos uma doula. Por volta do meio-dia ela chegou para ajudar a lidar com as dores. Ela sugeriu que me sentasse na bola de Pilates, depois tomasse uma ducha, depois entrasse na banheira, fez massagem nas minhas costas durante cada uma das incontáveis contrações, tudo para ajudar a aliviar a dor. Perdi a noção do tempo. Só percebi que ficou escuro. E eu esperando que ela me dissesse que era hora de ir para a maternidade, o que me idicaria que estava quase no fim, mas essa hora não chegava... Desesperada e esgotada, eu disse: "eu não aguento mais!" E foi então que as sábias palavras da nossa querida doula fizeram a diferença e eu me percebi superando a dor. A cada contração eu respirava fundo e soprava na direção de um ponto de foco: a maçaneta da porta, o buraco da fechadura, o canto da janela. As contrações estavam tão próximas que eu mal conseguia relaxar entre uma e outra. Até que finalmente chegou a hora: a bolsa estourou e tivemos que ir para a maternidade `as pressas. Chegando lá, entrei na banheira e me agachei. Em pouco tempo já podia tocar o cabelinho da cabeça do bebê. Algumas contrações vieram e nada da cabeça sair, então a obstetra sugeriu que eu mudasse de posição. Eu estava completamente exausta e queria acabar com aquilo logo, então na contração seguinte eu fiz toda a força que pude e a cabecinha saiu! Mais uma força e o corpinho veio em seguida. Em poucos minutos colocaram um lindo bebê nos meus braços. Achei que ele era a cara do pai.
Tudo muito tranquilo até a consulta do 5o. dia com o pediatra. "Ele está bem amarelo... " Era icterícia. "Ele tem que mamar a cada 3 horas, tomar banho de sol e se não melhorar vai ter que internar para tomar banho de luz." Que mãe não ficaria desesperada com a possibilidade de ter que internar seu filho? Saímos com o coração partido e um pedido de exame de sangue urgente, o médico queria o resultado "para ontem". O plano de saúde que automaticamente atende o filho recém-nascido por até 30 dias com a carteirinha da mãe exigiu uma autorização especial para fazer o exame. Autorizar o que se o prcedimento já é previsto no plano??? Meia-hora de espera e nada de autorização. Como é que eu poderia ficar plantada numa recepção de laboratório com um bebê de 5 dias sem previsão de atendimento??? Decidi pagar para fazer o exame como particular mesmo. Mas aí mais espera para ser atendida... essa angústia era muito maior que qualquer dor de parto.
Quando tivemos que interná-lo para o tratamento eu fiz questão de ligar para o plano de saúde e verificar o procedimento para não ter que ficar numa recepção asséptica com meu bebê. Mas uma nova autorização foi necessária. Mais meia-hora de espera para interná-lo, mais meia-hora de angústia. O tratamento foi tranquilo e voltamos para casa no dia seguinte. Ainda me questiono se poderia ter evitado a icterícia e a internação. E chego `a conclusão de que as dores do parto são apenas o começo. Há muito mais por vir!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

The neighbor smokes/Texto em Portugues abaixo

So the downstairs neighbor smokes. And the smoke comes right through our windows - which we have to leave open since it is quite warm in here. As soon as we smell the smoke we close the windows as fast as we can and turn on the fan, in an attempt to preserve our lungs and our sanity.
I guess he is on his right to do whatever he wants in his apartment. But how far do his rights go? Where does my right to breath clean air in my own home begin? Hard to answer.
I am so grateful for the law prohibiting smoking in closed, public spaces. I am so thankful when this law is in fact respected. (Dear friends from US, I have to remind you that in Brazil there is a huge difference from there being a law and it being observed...) I appreciate the fact that in the apartment complex where we lived in US renters were not allowed to smoke inside the building. But now I am so disappointed to have won the lottery of finding an apartment right above someone who smokes inside his apartment and sends the smoke to the air I have to breath.
One is not allowed to smoke in the public areas of the building (hallways, lobby, etc) but inside one's own apartment who can tell him or her what to do or not to do? And who can obligate me to inhale smoke that wish I didn't have to?
This thing of living in society is tricky. The closer we live to people the more complicated it gets. But who can live without it? The neighbor who bothers the most might end up saving my day sometime... who knows?

Texto em Português
E o vizinho de baixo fuma. E a fumaça vem parar aqui em casa, já que temos que deixar as janelas abertas por causa do calor. Tão logo a gente sinte os primeiros sinais do cheiro de cigarro, fechamos as janelas o mais rápido que pudemos e ligamos o ventilador, numa tentativa desesperada de manter intactos nossos pulmões e nossa sanidade mental.
Acho que ele (o vizinho) está no seu direito de fazer o que bem entender no apartamento que lhe pertence. Mas até onde vai esse direito? Onde será que começa o meu direito de respirar sem fumaça na minha própria casa? Fica difícil de responder.
Eu agradeço pela lei que proibe fumar em locais públicos fechados e agradeço mais ainda quando essa lei é de fato respeitada. Afinal, no Brasil infelizmente existe uma grande diferença entra existir uma lei e esta ser cumprida na realidade. No prédio de apartamentos onde morávamos nos EUA os inquilinos eram proibidos de fumar dentro do prédio, talvez até para evitar o risco de incêndio. Mas agora eu ganhei na loteria de ter alugado um apartamento exatamente acima de alguém que decidiu fumar em seu apartamento e mandar o cheiro do cigarro e suas toxinas no ar que eu respiro - dentro da minha própria casa.
Existe uma proibição de fumar nas áreas comuns do edifício, como no hall de entrada e hall de elevadores. Mas para aí, pois quem poderia dizer a outrem o que fazer ou deixar de fazer na sua própria residência? E quem poderia me obrigar a inalar fumaça de cigarro a contragosto?
É, viver em sociedade é mesmo complicado. E fica mais complicado quanto mais próximo vivemos do outro. Mas quem pode viver isolado? O vizinho que `as vezes purturba pode ser o que vai mais ajudar uma hora dessas... será???

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Too much Facebook - texto em Portugues abaixo

Have you seen those articles on how people spend hours on Facebook, Twitter, MSN and have less and less time for real relationships? I have read such articles nodding in agreement, but not considering myself one of them, until... well, until it become evident that I am!
I have moved recently to another city and to a different country altogether. I have been using the internet to keep in touch with old friends. Some days, even though I don't comment on anyone's post nor write anyone a message, I still feel I am in touch with them just by reading what they have posted. But what does this mean to the relationship? The person doesn't even know I've read what he or she posted! And this feeling of being constantly in touch may make me think that I don't need to seek friends in this new place so much. Besides, getting on Facebook is so much easier than making new friendships. Of course this is a much more complex issue, but the point needs to be made.
I can't deny the important role Facebook and other social networks have played on helping me keep in touch with precious friends and also making me reconnect with people with whom I had lost contact completely. But I can't just seat here in front of the computer and think that relationships only happen this way. I need to remind myself that besides the virtual world there is the real world, each one with its pros and cons, but both equally essential to our lives.

Texto em Portugues
Já viu alguma daquelas reportagens sobre como as pessoas tem ficado muitas horas ligadas no Facebook, Twitter, Orkut, MSN, etc e tem deixado de lado - ou tido mais dificuldade em manter - relacionamentos reais ou presenciais?
Eu lia tais artigos balançando a cabeça em afirmação, pensando: é mesmo, tem gente que não sai mais de casa, não encontra os amigos, só fica em casa na frente do computador. Mas eu não achava que eu era uma dessas pessoas, até que... bem, até que ficou evidente que eu sou!
Tendo mudado de cidade (e de país) recentemente, tenho usado a internet para me comunicar com velhos amigos e ficar por dentro do que acontece por lá. Mesmo que eu não escreva um post nem mande uma mensagem para algum amigo, só de ler o que eles postam me faz sentir como se eu estivesse em contato e participando de alguma forma da vida deles. Mas qual será a qualidade dessa interação - se é que posso chamar isso de interação? A pessoa que escreveu o post nem sabe que eu o li! E essa sensação de estar em contato com as pessoas pode me levar a pensar que eu nem preciso tanto ir atrás de relacionamentos "reais" com pessoas que moram aqui, as quais eu possa encontrar e conviver de fato. É claro que essa questão é mais complexa do que isso, mas é um ponto a ser pensado e considerado.
Não posso negar a enorme utilidade do Facebook e outras redes sociais em me ajudar a manter contato com preciosos amigos e reencontrar pessoas que não encontraria de outra forma. Mas também não posso me acomodar nessa cadeira em frente ao computador e esperar que os relacionamentos só aconteçam dessa forma. Preciso me lembrar de que além do mundo virtual também existe o mundo real, cada um com seus prós e cons, mas igualmente necessários na nossa vida.
Eu entro no Facebook várias vezes por dia e me sinto frustrada quando os posts que aparecem são os mesmos que vi da última vez que entrei - sinal de que talvez eu esteja mais no facebook do que as outras pessoas! Ou pelo menos com mais frequencia do que a capacidade das pessoas de atualizarem seus status.
Talvez eu devesse estar passando mais tempo fazendo algo que favoreça o encontro de novas amizades, especialmente daquelas que possam ser presenciais, que demandem convivencia, troca, interação. Dá muito mais trabalho do que entrar no Facebook, mas não são as coisas que dão mais trabalho as que mais valem a pena?

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Almoço de domingo/Sunday's lunch-text in English below



Em Oxford, era quase uma tradição: depois da igreja, a galera ia almoçar junto em algum lugar, fosse na casa de alguém, fosse num restaurante. O interessante era que muitas vezes o convidante dizia: "Estou preparando tal prato para o almoço." E mudava-se de assunto. E era só. Você se sentiria convidado ou não? Eu não me sentia convidada. Ficava faltando a frase, "você gostaria de vir conosco?"
E foi assim que deixei de ir em muitos almoços de domingo, até entender que na praticidade e objetividade americana não cabiam gentilezas e firulas. Aquilo era o convite.
O que antes não parecia suficiente agora é mais do que desejado. Não estamos frequentando nenhuma igreja ainda, não temos um grupo de amigos para sair e encontrar de vez em quando, e nem convites para almoços de domingo. Nem ninguém mencionando o que está preparando para o almoço... porque se tivesse eu certamente aceitaria como sendo um convite!

In Oxford it was almost a tradition to go out and eat lunch with friends after Sunday's church service. Very often the inviter would say, I am making such and such dishes for lunch. And that was it, he or she would change the subject. Would you feel invited or not? I didn't. I kept waiting for the phrase, would you like to join us? And that was how I missed uncountable Sunday lunches, until the day I understood that for my American friends that was enough, that was the invitation. 
Now that those "invitations" are absent they became so desired. We are not attending any particular church. We don't have a group of friends to hang out now and then, nor the invitation for Sunday lunch. There is  no one mentioning what they are preparing for Sunday's lunch, but if there was I would certainly accept that as an invitation!